“Na noite chuvosa de 23 de Dezembro, debaixo de fortes bátegas de água, nada convidava a uma ceia de Natal a não ser o calor humano que já aquecia a sala da Consoada, instalada, para o efeito, no refeitório do Centro Social de Nª. Srª. da Anunciada.
Lá dentro, mesas postas a condizer com o momento e a animação dos funcionários, voluntários e um simpático grupinho de alunos do 12º ano da Escola Secundária Alfredo da Silva, do Barreiro (os MOVET) que, sob a orientação da professora Conceição, muito se têm empenhado no apoio e animação do funcionamento destas valências da Cáritas Diocesana.
Pelas 20 horas começou a Consoada e, já todos sentados, deu-se início a uma pequena celebração de “partilha da Luz”, da “luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina” (Jo, 1,9) para que a Esperança de um “tornar a ser” diferente, nunca morra no coração mais abandonado!...
Retirada dessa Luz , a chama foi partilhada pelas pequeninas velas, espalhadas pelas mesas, pelos alunos da ESAS como uma nova Luz, a manter acesa a esperança de tantas vidas sem rumo!.
Enfim, a CEIA!..Confeccionada com as ofertas de várias pessoas (umas identificadas, outras, não…) foi igual à de tantas outras por esse país fora: depois de uma deliciosa sopa, veio o “rei” bacalhau “com todos”, o arroz doce, o bolo-rei e várias outras doçarias….
Das 105 pessoas inscritas (entre utentes e acompanhantes), estiveram presentes cerca de 80, número esse aumentado pela presença da direcção da Cáritas, de muitos dos funcionários, de vários voluntários e do Bispo de Setúbal – D. Gilberto Canavarro dos Reis – que, como todos os demais, partilhou do alegre convívio das conversas à mesa.
O calor da sala foi aumentando à medida que entravam em acção os artistas que quiseram, graciosamente, oferecer o dom dos seus talentos especiais: a voz vibrante de Deolinda de Jesus nos seus conhecidos fados, o humor picante do inigualável Fernando Guerreiro e todo o sabor a Sado e a Vitória dos “Alcorrazes”, vivos e frescos a oferecer-nos os tradicionais cantares de Setúbal. Todos sentiram, decerto, o “obrigado” da entusiasmada assistência, nas palmas e nos sorrisos rasgados!...
Seguiu-se, como em todas as Consoadas, a entrega dos presentes: cada um, chamado pelo seu nome, teve o seu: os das crianças e das senhoras, foram angariados pelos MOVET que, de olhos brilhantes de alegria, se encarregaram da entrega, destes e dos homens, adquiridos pela Cáritas.
E a noite terminou, partindo cada um para o seu rumo!... Mas havia um pouco mais de luz a iluminar a noite escura e chuvosa, nos olhos dos que acreditam que a “luz brilhou nas trevas” (Jo, 1,5) mesmo que as trevas não a queiram receber!..”